quarta-feira, 7 de maio de 2008

o emprego dos sonhos

O dia estava claro... Sol! Há dias não fazia um Sol tão lindo no Rio de Janeiro. Calçou o tênis, a calça jeans surrada e saiu. Sem tomar café. Sem tomar banho. Sem se despedir. Sorria feito louca pelo meio da rua. Desejou bom-dia ao porteiro, cumprimentou o jornaleiro, rodopiou pela faixa de segurança quando o sinal fechou... Seguia seu caminho, lépida e contagiante, até o ponto de ônibus. Deu tchauzinhos para o fiscal de ponto, jogou beijos para o motorista e um piscadela para o cobrador. Enquanto o ônibus seguia seu roteiro, conseguia visualizar coelhos e tartarugas pequeninos desejando-lhes felicidades... Mais? Pensava, ela. Conforme o ônibus parava nos sinais de trânsito, dava língua para as criancinhas nos bancos de trás dos carros e se divertia com as caretas que devolviam para ela. Após 15 minutos, chegou ao seu destino. Lamentou apenas o caminho ser tão curto e por isso não pode compartilhar com mais gente essa alegria que transbordava! O êxtase era tão grande, que subiu até o 17º de elevador, feito esse, para ela, praticamente impossível, afinal sua claustrofobia não lhe permite entrar em elevadores comerciais desde uns 6 anos... Mas hoje, nada iria detê-la, nem um elevador, subiu sorrindo. Chegando à sala foi atendida, parecia que todos sorriam:

-"Trouxe os documentos?"
-"Claro!"
-"Deixe-me conferir... Tudo certinho, pode levar esses de volta e assine aqui."
-" Pronto!"
-"Seu crachá chega na Segunda-feira, agora você pode dizer que é uma de nossas funcionárias."

Saiu radiante. Chega de bolhas, de comentários maldosos e tudo mais. Esse era o emprego dos sonhos. Agradeceu por cada recusa que recebera antes. O emprego dos sonhos... Finalmente, ela o alcançou.