terça-feira, 13 de maio de 2008

e ele nem a conhecia

Toda boate é escura, uma em particular, era muito escura... Todo esse breu unido ao álcool de 4 doses de vodka, algumas cervejas e duas tequilas era o cenário perfeito para um começo. Pra dançar Créu tem que ter disposição, e isso ela tinha - e põe disposição nisso! Brincava com suas amigas como se não houvesse mais alguém além delas. Ria, imitava Claudinho&Bochecha, acredito que em algum momento até dançou "ado, a-ado, cada um no seu quadrado!" mesmo sem o DJ ter tocado a maldita... A madrugada já saudava o dia claro e ela ainda nem tinha notado a presença dele. Ele tímido, com aquela camisa verde-cocô, rosto nada expressivo e poucas palavras, continuava a indignar seus amigos que lhe perguntavam vez ou outra se ele iria mesmo ficar parado... Sem saber, ambos gostavam de Ágatha Christie e Doyle, moravam no mesmo bairro, haviam estudado no mesmo colégio, moraram na mesma cidade, tinham alguns amigos em comum... Mas até aquele dia nunca haviam sabido da existência, um do outro. Elas, as amigas, resolveram ir embora: ela foi junto. Eles, os amigos, resolveram ir atrás das amigas: ele os acompanhou. Um simples comentário: "ui, detesto esse verde-cocô", uma troca de olhares, uma troca de telefones, um convite para ir à praia, na praia um convite para ir ao cinema... Conversas que levaram a abraços, abraços que levaram a beijos, beijos que levaram a COMPROMISSO. Ela disse que era livre, que sabia voar! Ele disse que queria aprender... Ela aceitou ensinar. Ensaiaram por meses. No grande dia, ela segurou as mãos dele, olhou em seus olhos, ele consentiu. Ela o deixou solto e por alguns minutos conheceu a liberdade de uma maneira que jamais experimentara... Desistiu. Ela olhou mais um vez em seus olhos e perguntou: "Confia em mim?" Após longos minutos e algumas lágrimas um "Não" ecoou pelos ares. Ainda olhando para ela, ele disse: "Às vezes eu não te reconheço, eu tenho medo de sofrer"! Um golpe de mestre. Virou as costa e saiu sem olhar para trás... Ela só pediu para que ele fosse livre! Reconhecer? Como, se ele nem a conhecia?

Acabou.