quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

dona morte

"Se não entendo tudo, devo ficar contente com o que entendo. E entendo que vejo estas árvores e tenho direito a minha língua e que posso olhar no olhos dos estranhos e dizer: não me desculpe por não gostar do que você gosta; não me olhe de cima para baixo; não me envergonhe de minha fala; não diga que minha fala é melhor que a sua; não diga que eu sou bonito, porque sua mulher nunca ia ter casado comigo; não seja bom comigo, não me faça favor; seja homem, filho da puta, e reconheça que não deve comer o que eu não como, em vez de me falar concordâncias e me passar a mão pela cabeça; assim poderei matar você melhor, como você me mata há tantos anos." - João Ubaldo Ribeiro em um 'conto militar' entitulado Vila Real.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

um simples verso

Para alguns, escrever um verso é necessário estar com a alma aberta para o vôo dos pássaros... Ser capaz de perceber os gestos das flores ao amanhecer.

Para outros, escrever um verso é preciso estar preparado para encontros e desencontros, saber voltar a momentos da nossa infancia que até hoje não compreendemos. É preciso lembrar do que sentimos ao ferir alguem que nunca nos desejou o pior.

Para eu escrever um único e simples verso são necessárias horas ao lado daquele que eu amo...



Faz tempo que não escrevo versos.

sexta-feira, 30 de março de 2012

aquele vazio

2002

- Você está chateada comigo?
- Acho que sim...
- Me perdoa?
- Não é a minha maior virtude.
- Pelo menos tenta. Não existe nada pior que encarar seu sorriso amarelo e esse seu olhar vazio.

2012

Enquanto escovava os dentes, pela manhã, esbarrei comigo refletida no espelho, encarando-me com um olhar vazio. Como sempre, não sei se consigo alcançar o perdão. A unica certeza que tenho é a de que dói. Definitivamente, dói encarar aquele olhar vazio. Um olhar que, acima de tudo, urra em extrema franqueza, o fato de te ver mas não te enxergar.

sexta-feira, 23 de março de 2012

(não) dói menos.

É verdade. As coisas não mudam se a gente fala ou deixa de falar nelas... Não passa de uma fulga tentar fingir que elas não existem. Já preferi falar abertamente, por mais doloroso que pudesse ser. Hoje me calo e, acredite, nem por isso dói menos.