sábado, 18 de junho de 2011

pedra, flor e espinho.


Foi uma menina que ensinou tudo o que sei. Uma menina alegre, risonha e festiva, um pouco menor que as outras meninas da sua idade. E agora essa menina está desmoronando, e tudo que pode segurar ela em pé, e tudo que pode colocar um sorriso de volta em seu rosto, sou eu. E eu sou egoísta e por tanto tempo esperei que o sorriso fosse meu, por tanto tempo calei, omiti, mas hoje eu a vi chorar e era de dor, e vi meu coração mudar de tamanho e ficar diminuto aqui no peito. Cansada, não sou madura o suficiente para assumir responsabilidades. Nem para construir relacionamentos baseados em desejo. Não sei desejar do jeito que esperam que eu deseje, sou impulsiva e radical. Também sou indisciplinada, e tento me conter, mas não consigo. Eu não me calo pro errado, e detesto quem o faz. Não sou adepta da hipocrisia nem da omissão. Talvez por tanto me manifestar não saiba balancear as emoções e tenho arroubos de sentimentalismo.

Sou exigente com quem eu gosto. Todos merecem destaque, cada um em seu momento. Se esse não é o meu, avise, mas não tente brincar com mais malabares do que suas mãos podem segurar... Porque se eu for o que cairá no chão ficarei obviamente ofendida e magoada, e você não pode magoar as pessoas por uma irresponsabilidade quantitativa. Magoar não é direito! Para evitar um acúmulo de malabares iludidos e futuras lavagens de roupa suja, faço o que sei: reclamo.

Estou triste, e é sem explicação. Ou talvez eu não queira contar a mim mesma a explicação, tem segredos que não contamos nem a nós mesmos, afinal. Revi fotos, e fotos fazem a gente entender. Fotos captam e guardam expressões, gestos e olhares que dizem muito sobre nós. Não gosto de saber da Big J., porque cada vez mais sinto uma saudade inexplicável dela. Ela está aqui, ainda, eu sei. Mas ela está escondida, com medo – talvez - de brilhar. E antes que se perguntem se eu tenho um distúrbio psicológico, gostaria de deixar claro que me separar em duas é muito mais uma alegoria poética que uma realidade, é uma tentativa de explicar o que eu mesma não entendo. Ou entendo e não aceito. O que há, mesmo? Por que essa profusão de sentimentos repentinos e essa apoteose de confusões? ? Descobri que o “Não sei o quê, que vem de não sei onde e dói não sei por que” de Camões é a melhor explicação. Meus fantasmas, medos e angústias estão me perseguindo. Mas falta chão e falta choro, falta expressão. Os sentimentos querem aparecer, onde eles estão? Acorda BigJ., acorda e volta. Porque a J. sozinha, não aguenta mais.

“Eu não quero mais mentir, usar espinhos que só causam dor. Eu não enxergo mais o inferno que me atraiu, dos cegos do castelo me despeço e vou. Até, até encontrar o caminho e o lugar onde estou.” - Titãs.