É sempre bom vir a Kalte Kabel. Caminhando pelas ruas, entre um passo e outro, vou revivendo momentos que marcaram minha infância. Como passar em frente à casa da Nice e não lembrar o quanto brincávamos naquela garagem? Ou parar em frente ao Rui Barbosa e entre a casa de Vinicius e Eliana, não lembrar como eu era excluída das partidas de voleibol travadas no meio da rua? Mas antes que eu lembre das lágrimas que eu derramava, por só ter que assistir, porque eu era muito nova, meus olhos encontram a casa de Andréia e Raffaelle e lembro de como era divertido brincar de “Xou da Xuxa” e claro, tentar imitar (sem dó) uma das paquitas. Na casa ao lado, o Marcel, meu primeiro amor platônico. Logo em frente, o quarto do Victor, meu segundo amor platônico. Dobrando a esquina, perdida em boas lembranças, passa Paçoca de carro. Parece que foi ontem que Diego Paraíba contou na frente da turma inteira como chamavam o Pedro Henrique na rua em que ele morava. Quase consigo ouvir um me chamando de “Negócio” e o outro de “Bindá”... Antes de alcançar a Lan House da Anne, vem o Professor Mosquito, acenando com a mão e perguntando: “Como está sua mãe”? . Na fila da farmácia, um “Jaaana” conhecido interrompe meu pensamentos, Tia Rita quase enche os olhos de água ao me ouvir dizer faculdade. Segundo ela com exceção dos olhos carinhosos e curiosos, o sorriso fácil e a maneira rápida e segura de falar, nada em mim lembra aquela menina metida a CDF que ajudava a Sassá a superar a Alfabetização. Mas à frente naquele bom e velho restaurante, ouço um “Boa Tarde, Rivinha”, clássico, vindo do Seu Paulo, que faz tempo, já não depende só de “quentinhas” para sobreviver. Grande Seu Paulo! Passar na lotérica pra fazer aquela fezinha e não dar um beijo na Taiana? Impossível! À caminho de um Bloco de carnaval, cumprimento aquele menino que fez inglês comigo e eu arrastava uma asinha pra ele: “Oiie.” (acho que continuo arrastando...) Fulano vai ser pai. NãoSeiQuem casou. Beltrano ta morando em Londres. AqueleOutro foi preso. Com tantas fofocas, como não parar pra ouvir aquela menina ruiva que você viu dar o primeiro beijo atrás da igreja? Chegando ao Bloco, lépido e faceiro vem Toninho com o mesmo bom e velho sorriso de sempre dizendo: “Janaina Go”. Ô tempo bom!! A bandinha passa entoando aquelas boas e velhar marchinhas e entre Carinhoso e Abre Alas não fica difícil avistar Jorgete, aquele moleque mais figura do meu último ano letivo, vestido de mulher pra entrar no clima. Sentar no Bola pra tomar aquela cerveja, ver um cara magrelo, alto com a camisa do Shevchenko e não lembrar de José Cláudio - e em todas as canetas que ele me travou durante a minha vida escolar - não dá! Chupar sacolé, comprar bugigangas na feirinha, comer o cachorro-quente da Tia Adriana, dormir na casa da Clarissa, cumprimentar os funcionários da única casa de show como se estivesse em casa (poucos se dão ao luxo de ir de havaianas – eu me dou) ... Ai, ai. Pra finalizar, aquela passadinha na Tia Nita, beber aquela água, pegar o caminho da roça, e antes de avistar a minha rua com Seu Ito fiel ao “Gena”, parar na Sassá e ver que valeu à pena cada cola, cada trabalho copiado duas vezes, cada calo no forró... Enquanto procuro minhas chaves vêm Laila com um sorriso irresistível de quem já é modelo da FORD. Ela pode, né, benhê? Abrir a porta e ouvir minha mãe dizer: “Pensei que não vinha mais pra casa”. Não tem preço. É sempre bom voltar e em meios as mudanças perceber que no fundo, nada mudou... “Ainda somos os mesmo e vivemos” . :D