Acordei cedo. Apesar do mau tempo e da manhã de Sábado que anunciava-se ... Acordei cedo. Dentro de mim anda uma angustia. Uma dor vazia, sem precendentes. Motivada por nada, mas ainda sim existente - e insistente. Arrumei uma caneta que, para minha sorte, falhava, rabisquei, a esmo, uma folha em branco de um caderninho qualquer - NADA. Nada, foi o quê consegui. Tentei, em vão, um banho. Não esquentou meu peito, tampouco esfriou minha cabeça. Falta alguma coisa em mim. Aqui.Não sei o quê... É forte. É tentador. Um amigo? Um abraço? Um amor? Não sei... mas faz falta! Voltei pra cama de barriga cheia, banho tomado e coração angustiado. Não consegui dormir. Pensei em Drummond com sua "ausência assimilada" e em Pessoa, bradando aos quatro ventos que "tudo vale a pena se a alma não é pequena". Tudo vale? Vale mesmo? Busquei colocar em palavras tamanha amargura , não fui capaz. Rabisquei - desenhei... Mais uma vez: NADA. Um copo d'água. Dois... Um choro forçado - nem isso! Sentei mais uma vez determinada a chegar pelo menos até este ponto "." Este ponto final, afinal... Terminei-o em um fôlego só, durante um pouco mais de quatro horas, tive que me espremer até o fim pra arrancar essa coisa de minha entranhas, sem que ninguém a minha volta, notasse meu pranto. Fui além do que me propus. Em busca de respostas, cheguei a conclusão de que, todo meu esforço, para expressar minha angustia me levou a NADA, além de palavras.