domingo, 15 de abril de 2007

97cm.

Sexta-feira foi o que eu chamo de "diazinho bunda". Estressante, chato, arrastado, quente... Depois de uma semana de trabalho, tudo o que eu espero de uma sexta à noite é um banho e uma cama quente, além de uma bela refeição pra fechar o dia. Bom, talvez por ser uma sexta 13, alguma coisa não estaria no lugar. E não estava. Ainda dentro do ônibus só consegui contar o banho e a cama. Restaram-me duas alternativas: descer no ponto de casa e fazer minha janta ou descer cinco quarteirões à frente e comprar algo realmente belo (e pronto!) no xópis. Esquentar o umbigo no fogão e cozinhar só pra mim, pareceu-me um idéia meio melancólica pra uma sexta-feira. Fiquei com a segunda opção. Quando pensei sobre voltar à pé, quase desisti, mas a fome falou mais alto. Pedi pra viagem e vazei. Demorei quase 6 minutos tentando atravessar a avenida e quando finalmente consegui, dei de cara com um corredor de + ou - uns 8 moleques, à uns cem metros à frente. No sentido oposto ao meu, vinha uma garota, muito gata, cara! Ao contrário de mim, ela estava de banho tomado, tinha um cabelão no meio das costas, era alta... Bijux e maquiagem pra tudo que é lado. Fiquei até com vergonha. Quando ela passou entre eles, não teve um que não tenha mexido com ela. Parei de novo. Tentei atravessar a avenida novamente, enquanto imagens de eu atravessando uma espécie de corredor polonês em meio a gritos de "canhão", "fubanga vinda do inferno" e "forminha de fazer capeta" vinham à minha mente. Cansaço 1 X 0 Massagem ao ego. E daí que eu estava de havaiana com calça social, cabelo ensebado e um livro de matemática (volume único) na mão? Encarei o corredor. Quando passei, a reação dos moleques foi exatamente igual. Não teve um que não mexeu comigo. Tentei apenas não sorrir e continuei meu caminho, questionando os hábitos femininos. Horas perdidas em banhos demorados, rios de dinheiro gastos em roupas e perfumes caros, rituais dolorosos... E no fim, pra muitos deles o que interessa é um quadril de 97cm. E não se dão nem ao trabalho de reparar no pano que o cobre.